As Cotas Raciais e a USP
As cotas de recorte racial constituem verdadeiro atentado ao bom senso e à boa ciência como já demonstrado por muitos sociólogos, antropólogos, geneticistas, etc. O conceito de raça não tem sustentação científica como provam miríades de estudos biológicos, antropológicos, psicológicos, genômicos, etc.O conceito de raça sempre foi usado como justificativa para ações discriminatórias, seja para o bem ou para o mal. No Brasil atual, o conceito foi reduzido ao absurdo da autoclassificação para evitar a formação dos comitês classificatórios, tão comuns na Alemanha nazista. A rigor qualquer cidadão brasileiro pode escolher qualquer raça que lhe aprouver e não haverá maneira de contestação a não ser que se criem critérios fenotípicos, biológicos, etc, ou seja sem cair no absurdo da criação dos comitês classificatórios. Aqui mora o perigo.
Diferentemente
dos EUA, onde imperava a classificação racial baseada no critério “one
blood drop”, ou seja os indivíduos que tivessem um ancestral africano
seriam considerados “negros”, no Brasil nunca houve nada parecido. Até
muito recentemente não havia classificação racial nos documentos
oficiais de identificação ou de inscrição em concursos. Esta prática
esta sendo ressuscitada, não por pressão da população, mas por pressão
de ativistas e ONGs interessadas em obter vantagens. Neste sentido, o
movimento é absolutamente artificial. Senão, vejamos. Por critérios
absolutamente autoclassificatórios, cerca de 10% da população brasileira
é “preta”. O restante é dividido em “brancos”, pardos, índios e
amarelos. Excetuando-se os índios e amarelos, temos entre o “branco” e o
“preto” uma infinidade de cores que não servem para classificação. Os
indivíduos podem ser “brancos” mais “brancos”, ou “brancos” mais
escuros, ou morenos e assim sucessivamente. O mesmo se dá se
considerarmos a genealogia. Brancos seriam considerados aqueles cujos 4
avós fossem europeus e negros aqueles cujos 4 avós fossem africanos.
Fora esta classificação, todos seriam pardos ou mestiços pois impossível
saber a genealogia “racial” de um filho de “brasileiro”.
Portanto,
não existem características autoclassificatórias que permitam, com
precisão uma classificação minimamente coerente. Este fato encontra
ressonância nas séries estatísticas recentes do INEP. No documento de
2011, consta que estudavam no ensino superior no estado de São Paulo,
1.704.612 alunos. Destes, 26% se declararam brancos, 1,6% negros e 4,98%
pardos. A grande maioria, 67%, não se identificaram com uma “raça”
específica. Seria bom que assim permanecesse e que a própria informação
de “raça” não fosse mais solicitada.
No
Brasil não existe identidade de “raça” e a tentativa de criá-la
obrigando cada cidadão a se autodeclarar como pertencente a uma “raça”,
qualquer que seja ela, divide os brasileiros de forma absolutamente
artificial e introduz oficialmente o racismo que, ao contrário do desejo
de minorias ativistas, deve ser rejeitado e combatido. Estes ativistas
rapidamente reagirão a esta afirmação adiantando que negar o racismo é
promover o preconceito. Nada mais falacioso. O racismo não tem relação
direta com o preconceito.
O
preconceito é uma deformação de caráter e de inteligência caracterizado
pelo uso das mais diferentes artimanhas para se manifestar contra tudo
aquilo que seja diferente, sejam minorias étnicas, sexuais, de costumes,
etc. O preconceito provavelmente sempre existiu e continuará a existir
independentemente da existência de leis, normas, etc. Combater todo tipo
de preconceito é tarefa educacional em senso amplo que deve ser
realizado pela sociedade de forma geral e em bases permanentes. Criar
estratos raciais definidos pela cor da pele ou pela autoclassificação
racial não acaba com o preconceito; ao contrário, reforça-o visto que
obrigará todo cidadão deste país, mesmo a grande maioria que não é
preconceituosa, a situar-se dentro de uma classificação artificial de
raças, criando grupos ideológicos e de falsa identidade racial motivada
por interesses políticos e de grupos organizados na obtenção de
vantagens sociais.
O
racismo, por outro lado, é a crença que a humanidade, o gênero humano, é
dividido em grupos biológicos distintos denominados “raças” e, mais,
que existem raças que são superiores e raças que são inferiores.
Obviamente que esta crença é cientificamente falsa, além de ser
moralmente condenável e socialmente perigosa. O crença racista levou aos
grandes genocídios étnicos cometidos durante o século XX (holocausto,
apartheid, etc.).
Por
outro lado, a afirmação do conceito de raça, mesmo no contexto de uma
autoclassificação, abre as portas para a separação, para a segregação
social. A segregação racial é nociva em todas as suas nuances e versões,
seja a negativa que mandou as pessoas para o campo de concentração,
seja a versão positiva que pretende mandar as pessoas escolhidas pela
“raça” para os bancos universitários. Pertencemos à “raça humana” com
toda a sua diversidade fenotípica que precisa ser entendida e
respeitada, e não usada para separar e segregar.
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