sexta-feira, 21 de junho de 2013

As Cotas Raciais e a USP

As cotas de recorte racial constituem verdadeiro atentado ao bom senso e à boa ciência como já demonstrado por muitos sociólogos, antropólogos, geneticistas, etc. O conceito de raça não tem sustentação científica como provam miríades de estudos biológicos, antropológicos, psicológicos, genômicos, etc.
O conceito de raça sempre foi usado como justificativa para ações discriminatórias, seja para o bem ou para o mal. No Brasil atual, o conceito foi reduzido ao absurdo da autoclassificação para evitar a formação dos comitês classificatórios, tão comuns na Alemanha nazista. A rigor qualquer cidadão brasileiro pode escolher qualquer raça que lhe aprouver e não haverá maneira de contestação a não ser que se criem critérios fenotípicos, biológicos, etc, ou seja sem cair no absurdo da criação dos comitês classificatórios. Aqui mora o perigo.
Diferentemente dos EUA, onde imperava a classificação racial baseada no critério “one blood drop”, ou seja os indivíduos que tivessem um ancestral africano seriam considerados “negros”, no Brasil nunca houve nada parecido. Até muito recentemente não havia classificação racial nos documentos oficiais de identificação ou de inscrição em concursos. Esta prática esta sendo ressuscitada, não por pressão da população, mas por pressão de ativistas e ONGs interessadas em obter vantagens. Neste sentido, o movimento é absolutamente artificial. Senão, vejamos. Por critérios absolutamente autoclassificatórios, cerca de 10% da população brasileira é “preta”. O restante é dividido em “brancos”, pardos, índios e amarelos. Excetuando-se os índios e amarelos, temos entre o “branco” e o “preto” uma infinidade de cores que não servem para classificação. Os indivíduos podem ser “brancos” mais “brancos”, ou “brancos” mais escuros, ou morenos e assim sucessivamente.  O mesmo se dá se considerarmos a genealogia. Brancos seriam considerados aqueles cujos 4 avós fossem europeus e negros aqueles cujos 4 avós fossem africanos. Fora esta classificação, todos seriam pardos ou mestiços pois impossível saber a genealogia “racial” de um filho de “brasileiro”. 
Portanto, não existem características autoclassificatórias que permitam, com precisão uma classificação minimamente coerente. Este fato encontra ressonância nas séries estatísticas recentes do INEP. No documento de 2011, consta que estudavam no ensino superior no estado de São Paulo, 1.704.612 alunos. Destes, 26% se declararam brancos, 1,6% negros e 4,98% pardos. A grande maioria, 67%, não se identificaram com uma “raça” específica. Seria bom que assim permanecesse  e que a própria informação de “raça” não fosse mais solicitada. 
No Brasil não existe identidade de “raça” e a tentativa de criá-la obrigando cada cidadão a se autodeclarar como pertencente a uma “raça”, qualquer que seja ela,  divide os brasileiros de forma absolutamente artificial e introduz oficialmente o racismo que, ao contrário do desejo de minorias ativistas, deve ser rejeitado e combatido. Estes ativistas rapidamente reagirão a esta afirmação adiantando que negar o racismo é promover o preconceito. Nada mais falacioso. O racismo não tem relação direta com o preconceito.
 O preconceito é uma deformação de caráter e de inteligência caracterizado pelo uso das mais diferentes artimanhas para se manifestar contra tudo aquilo que seja diferente, sejam minorias étnicas, sexuais, de costumes, etc. O preconceito provavelmente sempre existiu e continuará a existir independentemente da existência de leis, normas, etc. Combater todo tipo de preconceito é tarefa educacional em senso amplo que deve ser realizado pela sociedade  de forma geral e em bases permanentes. Criar estratos raciais definidos pela cor da pele ou pela autoclassificação racial não acaba com o preconceito; ao contrário, reforça-o visto que obrigará todo cidadão deste país, mesmo a grande maioria que não é preconceituosa, a situar-se dentro de uma classificação artificial de raças, criando grupos ideológicos e de falsa identidade racial motivada por interesses políticos e de grupos organizados na obtenção de vantagens sociais. 
O racismo, por outro lado, é a crença que a humanidade, o gênero humano, é dividido em grupos biológicos distintos denominados “raças” e, mais, que existem raças que são superiores e raças que são inferiores.  Obviamente que esta crença é cientificamente falsa, além de ser moralmente condenável e socialmente perigosa. O crença racista levou aos grandes genocídios étnicos cometidos durante o século XX (holocausto, apartheid, etc.).
Por outro lado, a afirmação do conceito de raça, mesmo no contexto de uma autoclassificação, abre as portas para a separação, para a segregação social. A segregação racial é nociva em todas as suas nuances e versões, seja a negativa que mandou as pessoas para o campo de concentração, seja a versão positiva que pretende mandar as pessoas escolhidas pela “raça” para os bancos universitários. Pertencemos à “raça humana” com toda a sua diversidade fenotípica que precisa ser entendida e respeitada, e não usada para separar e segregar. 

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