sexta-feira, 21 de junho de 2013

A USP como Universidade da Elite

    Os movimentos sociais ligados às minorias que defendem cotas raciais têm usado o argumento falacioso de que as Universidades públicas paulistas são elitizadas e, portanto, não democráticas. A natureza da falácia reside na confusão entre os conceitos de democracia e de elite.
    Todos os sistemas sociais e políticos hierarquizados possuem elites. Mesmo o socialismo real ou imaginário possui suas elites, sejam elas autocráticas (Cuba, Koréia do Norte, China), ou sejam elas lideradas por intelectuais orgânicos como proposto por Gramsci. As democracias, independente da orientação política dos dirigentes ( de esquerda ou de direita) são conduzidas por elites (políticas, econômicas, sociais, culturais, etc.). O conceito de elite (do francês élite – o que há de melhor numa sociedade ou num grupo), longe de significar uma característica aleatória ou negativa, significa a existência de uma hierarquia de competência.
    Esse conceito não contradiz ou anula o conceito de democracia. Ao contrario, dele decorre.
    Os alunos que chegam ao final do EM e ingressam na Universidade constituem a elite intelectual da juventude; aqueles, em principio, melhor preparados para prosseguir no curso superior de estudos e dotar a sociedade de indivíduos adequadamente preparados para o exercício das profissões de nível superior, para a docência e para a pesquisa.
    Os movimentos sociais que defendem as cotas querem mitigar o elitismo intelectual, querem subverter o sistema de ingresso meritocrático na Universidade em nome de uma “democratização” que, no fundo, é a substituição da exigência de preparo acadêmico por critérios alheios à universidade como o critério de “raça”. Subverter o vestibular como sistema de ingresso na universidade, na atual circunstância, significaria admitir alunos despreparados academicamente para enfrentar o curso superior. Sendo repetitivo, o instituto do vestibular é democrático e, como disse a Profa. Eunice Durham em recente entrevista: “O vestibular é talvez o mecanismo mais justo de seleção. Só passa que tem capacidade. O filho do senador e o filho da doméstica fazem exatamente a mesma prova”. Neste sentido, “deselitizar” o vestibular significa exatamente não respeitar a democracia na medida da igualdade de direitos.
    Outro argumento similar muito usado por aqueles que defendem as cotas é de que a USP é uma universidade das classes ricas e, portanto, precisa ser democratizada. Esta afirmação é falsa e quem a faz não conhece a realidade. O perfil sócio-econômico dos ingressantes em 2012 indica o contrário. Cerca de 12,3% dos alunos pertenciam a famílias com renda inferior a 3 salários mínimos mensais. Ingressantes de famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos (R$ 2070 a R$ 6900) representavam 50,6%. Apenas 8,7%  dos alunos pertenciam a famílias com renda mensal superior a 20 salários mínimos. Também interessante o fato de que apenas 34% dos ingressantes revelaram depender inteiramente de recursos familiares para se manterem durante o curso universitário. Cerca de 50% declararam que pretendiam trabalhar para se manter e 14,3% dependeriam da concessão de bolsas e auxílios. Os dados mostram, pois, que a USP não é a escola da elite econômica (Classes A e B), mas sim a Universidade das Classes C-D-E. As cotas, pura e simplesmente colocadas, apenas substituirão  grupos de alunos mais preparados por outros grupos menos preparados, mas advindos em sua maioria dos mesmo extratos sociais inferiores da sociedade.

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