A USP como Universidade da Elite
Os
movimentos sociais ligados às minorias que defendem cotas raciais têm
usado o argumento falacioso de que as Universidades públicas paulistas
são elitizadas e, portanto, não democráticas. A natureza da falácia
reside na confusão entre os conceitos de democracia e de elite.
Todos os sistemas sociais e políticos hierarquizados possuem elites.
Mesmo o socialismo real ou imaginário possui suas elites, sejam elas
autocráticas (Cuba, Koréia do Norte, China), ou sejam elas lideradas por
intelectuais orgânicos como proposto por Gramsci. As democracias,
independente da orientação política dos dirigentes ( de esquerda ou de
direita) são conduzidas por elites (políticas, econômicas, sociais,
culturais, etc.). O conceito de elite (do francês élite – o que há de
melhor numa sociedade ou num grupo), longe de significar uma
característica aleatória ou negativa, significa a existência de uma
hierarquia de competência.
Esse conceito não contradiz ou anula o conceito de democracia. Ao contrario, dele decorre.
Os alunos que chegam ao final do EM e ingressam na Universidade
constituem a elite intelectual da juventude; aqueles, em principio,
melhor preparados para prosseguir no curso superior de estudos e dotar a
sociedade de indivíduos adequadamente preparados para o exercício das
profissões de nível superior, para a docência e para a pesquisa.
Os movimentos sociais que defendem as cotas querem mitigar o elitismo
intelectual, querem subverter o sistema de ingresso meritocrático na
Universidade em nome de uma “democratização” que, no fundo, é a
substituição da exigência de preparo acadêmico por critérios alheios à
universidade como o critério de “raça”. Subverter o vestibular como
sistema de ingresso na universidade, na atual circunstância,
significaria admitir alunos despreparados academicamente para enfrentar o
curso superior. Sendo repetitivo, o instituto do vestibular é
democrático e, como disse a Profa. Eunice Durham em recente entrevista:
“O vestibular é talvez o mecanismo mais justo de seleção. Só passa que
tem capacidade. O filho do senador e o filho da doméstica fazem
exatamente a mesma prova”. Neste sentido, “deselitizar” o vestibular
significa exatamente não respeitar a democracia na medida da igualdade
de direitos.
Outro argumento similar muito usado por aqueles que defendem as cotas é
de que a USP é uma universidade das classes ricas e, portanto, precisa
ser democratizada. Esta afirmação é falsa e quem a faz não conhece a
realidade. O perfil sócio-econômico dos ingressantes em 2012 indica o
contrário. Cerca de 12,3% dos alunos pertenciam a famílias com renda
inferior a 3 salários mínimos mensais. Ingressantes de famílias com
renda entre 3 e 10 salários mínimos (R$ 2070 a R$ 6900) representavam
50,6%. Apenas 8,7% dos alunos pertenciam a famílias com renda mensal
superior a 20 salários mínimos. Também interessante o fato de que apenas
34% dos ingressantes revelaram depender inteiramente de recursos
familiares para se manterem durante o curso universitário. Cerca de 50%
declararam que pretendiam trabalhar para se manter e 14,3% dependeriam
da concessão de bolsas e auxílios. Os dados mostram, pois, que a USP não
é a escola da elite econômica (Classes A e B), mas sim a Universidade
das Classes C-D-E. As cotas, pura e simplesmente colocadas, apenas
substituirão grupos de alunos mais preparados por outros grupos menos
preparados, mas advindos em sua maioria dos mesmo extratos sociais
inferiores da sociedade.
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